Por Maciel Akira Terasaka
A meu ver, montar um modelo de navio não é, somente, juntar várias peças de madeira.
Sempre penso: “Qual a história por trás dele?” E, seguindo essa linha de pensamento, sempre me embrenho em pesquisas acerca dos modelos que montei, ou vou montar.
Atualmente, estou trabalhando em um projeto do navio “Pérola Negra”, do filme “Piratas do Caribe” (Disney); bem conhecido de todos.
Garanto que está sendo a pesquisa mais prazerosa de todas, pois tem trilha sonora (a trilha do filme), várias imagens que podem ser capturadas do próprio filme, para que possamos nos “afinar” com os detalhes do barco, etc.
Mas alguns detalhes que normalmente passam despercebidos são as referências a piratas reais do passado. Como quando se fala no “Código dos Piratas”, compilado por Bartholomew e Morgan.
Mas quem foram esses senhores?
Bartholomew Roberts nasceu em 1682, capturou mais de 400 embarcações em sua curta vida, e morreu em 1722 com um tiro de canhão disparado da nau de guerra inglesa Swallow, sob o comando do capitão Chaloner Ogle.
Bartholomew Roberts
Ele utilizava duas bandeiras, sendo que sobre essas tratarei mais adiante.
Henry Morgan
Ou quando, no terceiro filme da série, antes do embate entre o Pérola e o Holandês Voador dentro do redemoinho, é dada a ordem de hastear as bandeiras pela Capitã Elisabeth Swan, vemos serem hasteadas as bandeiras de vários piratas famosos.
A bandeira do Pérola Negra
Jack, Bonny e Read
Documento que estabelece a acusação contra Jack e sua tripulação
As outras bandeiras são:
Bartholomew Roberts
Cena do filme
Como já dito antes, ele usava 2 bandeiras:
Esta é a que aparece no filme
Esta é a segunda bandeira. As letras significam: A barbadian’s head (uma cabeça de Barbados) e A martinican’s head (uma cabeça da Martinica).
Christopher Moody
Foi um pirata do século XVIII que adotava a política de não poupar vidas, e acredita-se que foi da tripulação de Bartholomew. Ele alterou sua “Jolly Roger” de branco sobre preto, para ouro sobre vermelho, a ampulheta com asas era para dizer às suas vítimas que o tempo de suas vidas estava voando, e o braço com o punhal, que sua morte seria lenta e dolorosa.
Cena do filme
Edward English
Nascido Edward Seegar, foi um célebre pirata irlandês que atuou no Oceano Índico e na costa da África de 1717 a 1720. Entre os navios que navegou, estão o Pearl (que ele renomeou de The Royal James) e, posteriormente, o Fancy, pelo qual a Inglaterra trocou o Pearl em 1720. Sua bandeira era a clássica Jolly Roger, com uma caveira sobre dois fêmures, num fundo preto.
England era diferente da maioria dos piratas de seu tempo, por não matar os seus prisioneiros, a menos que, absolutamente, necessário. Isto, no entanto, acabou levando à sua derrocada, pois sua tripulação se amotinou quando ele se recusou a matar os marinheiros do Cassandra, um navio comercial inglês comandado por James MacRae. Acabou sendo abandonado nas Ilhas Maurício, juntamente com 2 outros membros da tripulação, onde construíram uma pequena jangada e acabaram por chegar à baía de Santo Agostinho, em Madagascar. England sobreviveu por alguns anos mendigando por comida, até morrer no fim de 1720.
Cena do filme
Edward Low
Ele era de Westminster e começou sua carreira como batedor de carteira. Mudou-se para Boston, onde trabalhava honestamente como armador, mas cansou-se do trabalho honesto, e embarcou em uma pequena escuna que ia para Honduras, onde pretendia roubar uma carga de madeira e revende-la em Boston. Brigou com o capitão e iniciou um motim mal sucedido. Então, foi abandonado com seus homens em uma chalupa, e iniciou sua carreira de pirata, tomando outra pequena embarcação.
Era muito cruel com os capturados, torturando-os, o que, normalmente, acabava em morte.
Foi visto pela última vez em 1723.
Cena do filme
Edward Teach (Barba Negra)
Barba Negra, nascido Edward Teach no ano de 1680, morreu em Ocracoke, em 22 de novembro de 1718. Foi um dos mais notórios piratas, tornando-se uma figura lendária no folclore norte-americano.
Cena do filme (apesar de a barba não ser tão negra)
Como muitos outros piratas, Barba Negra começou como um ativo corsário a serviço do Império Britânico durante a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-13). O primeiro ato conhecido como pirata está datado de 1716. No ano seguinte, ele converteu um navio mercante francês capturado em um poderoso vaso de guerra de 40 canhões, onde surgiu o navio "Queen Anne's Revenge", e logo ficou notório. Ele era conhecido como valentão e, pelos padrões de hoje, ele seria tido como psicopata. Uma vez atirou no próprio imediato só para os marujos se assegurarem do que sofreriam caso o desobedecessem, e assim ele era temido por todos. Ele também andava armado com várias pistolas, facas e uma espada. Nas batalhas ele colocava frequentemente pavios de canhão debaixo do chapéu ou trançados na barba, de forma a parecer que a cabeça dele estava em chamas.
Em 1718, ele estabeleceu base em uma enseada da Carolina do Norte, cobrando pedágios e agindo com violência contra quem se recusasse a pagá-lo; assim, as mercadorias só entravam na colônia depois de pagar o pedágio. Isso resultou num acordo entre Charles Eden, governador da colônia de Carolina do Norte, e o governador da Virgínia Alexader Spotswood, a pedido dos plantadores das duas colônias. A colônia da Virgínia despachou uma força naval britânica sob o comando de Robert Maynard, que, depois de uma dura batalha, obteve sucesso, e a morte de Barba Negra foi inevitável. O corpo do pirata foi decapitado e a cabeça dele pendurada na verga do mastro principal do navio "Adventure”.
Apesar da exuberância que lhe rendeu o apelido, o aspecto mais proeminente da lenda de Barba Negra é o grande tesouro que teria sido enterrado por ele e que nunca foi encontrado. Porém, até hoje há dúvida de que o tesouro tenha existido.
O naufrágio do "Queen Anne's Revenge" foi encontrado em 1996 no litoral da Flórida, a uma profundidade aproximada de 10 metros; vários artefatos do navio foram resgatados, recuperados e conservados.
Lápide do túmulo de Edward Teach, o Barba Negra
Em breve postaremos as fotos da montagem do Pérola Negra.
Aguardem!
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